sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Interpretação Musical 2 – Strawberry Fields Forever


No ano em que o EP contendo essa música foi lançado, 1967, os Beatles já haviam abandonado os palcos e o rótulo de reis do Iê-Iê-Iê. Estavam procurando formas de experimentar, romper com algumas propostas musicais.
Strawberry Fields é o nome de um orfanato do Exército da Salvação que Jonh Lennon frequentava na infância. A música foi lançada como lado B para no compacto que continha também Penny Lane, música sobre lugares onde Paul Mcartney passou a infância. A capa apresentava fotos dos dois compositores quando bebês.
Apesar de ser experimental, Strawberry mantém aspectos de uma música normal, diferentemente, por exemplo, de Revolution 9, que apresenta uma colagem de sons em um completo caos. Aqui, a música apresenta introdução instrumental, apresentação do refrão, três conjuntos de estrofe e refrão, e um final instrumental.
Primeiro a tradução da música:

Refrão: Deixe-me te levar
Porque eu estou indo aos Campos de morangos
Nada é real
Não há por que esperar
Campos de morangos para sempre

Viver é fácil com os olhos fechados
Sem entender o tudo que você vê
Está ficando difícil ser alguém
Mas tudo parece funcionar bem
E isso não é muito importante pra mim

(Refrão)

Acho que não tem ninguém na minha árvore
Quer dizer, deve estar alto ou baixo
Ou seja, você sabe que não pode entoar
Mas tá tudo certo
Assim, penso que não é tão ruim

(Refrão)

Sempre, não, algumas vezes penso que sou eu
Mas sabe, eu sei quando é um sonho
Eu penso que um Não significara um Sim
Mas tá tudo errado
Por isso eu acho que discordo

A música começa com uma introdução de uma flauta tocada no teclado melotron, que após a apresentação do refrão volta no começo do verso, dando a impressão de vazio. Nessa época, Lennon estava sob forte influência de Bob Dylan, e tinha uma grande procupação para as letras. A música fala de um sujeito nitidamente desorientado (“Está ficando difícil ser alguém”, “Sempre, não, algumas vezes penso que sou eu”). Mas o sujeito constrói sua identidade a partir desta condição. Isso pode ser visto principalmente nas afirmações finais de cada estrofe, em que ele, apesar de sua desorientação, manifesta sua opinião sobre o que acabou de falar (“E isso não é muito importante pra mim”, “Assim, penso que não é tão ruim”, “Por isso eu acho que discordo”).
Na segunda e na terceira estrofes após o refrão sai o melotron e entra intrumentos de metais, juntamente com a orquestra. O interessante dessa parte é o prato da bateria que foi usado de trás para frente, que passa a fazer parte do refrão. A junção desses intrumentos mostram a ruptora dos Beatles com o comum, baixo, bateria e guitarra, e mostra sua união com o experimental.
Mas a grande parte dessa música é o seu final, em que há um fade out, ela vai diminuindo até sumir, e depois apresenta um fade in, em que ela vai reaparecendo com um melotron tocado de trás para frente.
A edição dessa música é a que a faz tão espetacular. Lennon havia gostado de duas gravações que haviam feito, a 7 e a 26 e pediu para o produtor e arranjador da banda Geoge Matin para fundi-las. A questão era que cada uma estava em um tom.
Então, no dia 22 de dezembro de 1966, após examinar minuciosamente as gravações, Martin, com o assessoramento de Geoff Emerick o engenheiro de som, decidiu aumentar a velocidade da tomada mais lenta (tomada 7) e reduzir a velocidade da tomada mais veloz (tomada 26). Com isso, a diferença de um semi-tom entre as gravações passou a não mais existir. Em seguida, procuraram encontrar um ponto onde pudessem juntar as duas gravações alteradas. Isso foi possível a exatos 60 minutos do início da tomada 7. Neste ponto foi feita a fusão com a outra parte da tomada 26. Criada a gravação master, John Lennon gostou do resultado e aprovou a fita.
Uma curiosidade é que aos 3:56 minutos, é possível ouvir uma voz dizendo I buried Paul (Eu enterrei Paul). Haviam muitas lendas que diziam que o verdadeiro Paul Mcartney havia morrido e o que estava com os Beatles era um sósia. Na minha opnião, eles encorajavam tal lenda, dando “pistas” sobre a morte do baixista, mas isso é assunto para outro post.



Abaixo, um link da entrevista que John deu em 1980 pouco antes de sua morte
http://obauentrevistajlplayboy-edu.blogspot.com/

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